segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Viagem ao Tempo Vale Verde...


Buenas Blogsfera!!!
Chegar em Vale Verde é parar o tempo, que corre lento. Um dos primeiros núcleos de catequização Jesuíta, sua Igrejinha ao fundo construída naquela época, mantém-se inalterada, praticamente tudo na mesma...
Casinhas, ainda de pau a pique e sapê, escondem quintais imensos plantados de mangas, cacaueiros...Lugar de chocolate da roça, beijú e da famosa pinga Vale Verde.

Nessas bandas da Bahia, se alguém lhe convidar para tomar uma "Vale-Verde"...Comer água, tomar umas....

A riqueza maior da Gente Valeverdense é o seu patrimônio Imaterial.

A festa desse fim de semana, se repete há séculos, os mesmos rituais e brincadeiras, as mesmas cantigas que homenageiam São Sebastião e São Brás...tudo no mesmo dia, se esmeram tanto que chega a ter uma certa rivalidade ...entre as famílias festeiras.

Assim que souberam que ia uma sanfoneira no São Brás os festeiros de São Sabastião mandaram buscar lonje um sanfoneiro, que nos fin das contas é um grande amigo, o Santana...

Bem ao longo dos comentários a gente vai rebubinando os cauzos da festa...

Caso queria comentar, só ter paciência de enviar 3 vezes, na terceira vai...Tentei ver onde está garrado nos scripts, mas não deu, repara não tá? Mas não desita de comentar.

Sua participação é a espinha dorsal de nosso blog.

Abaixo algumas imagens da festa.

Abraços e ondas sonoras de afeto e carinho!!!














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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A 13a Constelação...Trocando em miúdos.

Lendas contam que... Antes da guerra no Céu e da queda de Lúcifer e seus Anjos, o Sol achava-se diretamente sobre o equador terrestre e a Lua permanecia cheia. Não havia mudanças de estações; o dia e a noite eram de igual duração. Essa foi a Idade de Ouro.

Coincidente à queda de Lúcifer, houve um acontecimento cósmico: o eixo da terra moveu-se para a sua posição atual. Está agora inclinada 23 graus e meio em relação ao equador celeste. Essa mudança de posição ocasionou a mudanças das estações. A natureza da Queda também levou a uma descida gradual do estado etéreo no qual vivia o homem Edênico, para as condições materiais densas que temos hoje. À medida que o Homem seja redimido através da regeneração, a terra irá vagarosamente endireitar-se e tornar-se mais e mais etérea.
Na verdade as próprias constelações do Zodíaco não seguem mais o ritmo descrito na Astrologia atualmente, se posicionado mais atrasadas em relação aos dias estipulados.
Mesmo assim, os astrólogos herméticos usam a elipse como estava disposta na Antiguidade, e excluem Ophiucus, mas vamos a ela: a Décima terceira...



O anúncio dos astrônomos sobre a 13a constelação não é de hoje... Ophiuchus, o Serpentário, é uma constelação do zodíaco.
Representa-se o serpentário como um homem segurando a Serpente, dividida em duas partes no céu, Serpens Caput e Serpens Cauda, sendo mesmo assim contadas como uma única constelação.RS Ophiuchi, uma estrela muito fraca, é parte de uma classe bizarra conhecida como "novas recorrentes", cujo brilho aumenta em intervalos irregulares, centenas de vezes em poucos dias. A Estrela de Barnard, a quinta estrela mais próxima do Sol, também está nesta constelação. Outro sistema que faz parte da constelação é o 36 Ophiuchi. Embora já fosse conhecida na Antiguidade, quando se formularam as regras da Astrologia, não é admitida no zodíaco porque há 3 mil anos estava longe da eclítica. Porém, com a precessão dos equinócios, já se situa entre Sagitário e Escorpião.

As dozes constelações utilizadas na Astrologia e suas principais Estrelas...

Aries: o Carneiro (símbolo , Unicode ) é Arietis.Na mitologia, este era o carneiro cuja se transformou em ouro, conhecido como Velo d'ouro, ensejando a busca de Jasão e os Argonautas.

Taurus: o Touro,é Tauri. Este é o touro mitológico em que Zeus se transformou para seduzir Europa, uma princesa Fenícia. Conhecida pela sua maior estrela Aldebaran. Tem 40 vezes o tamanho do Sol.Touro é formada apenas pela cabeça, ombros e membros anteriores do touro. Na literatura grega foi chamada o Busto, representando o touro que raptou Europa, e sua parte posterior estava submersa nas ondas. As estrelas são representadas como um touro em posição de ataque, os chifres enormes abaixados.A constelação ascendia no equinócio vernal entre 4100 e 1900 a.C., aproximadamente. Manilius referiu-se a ela como "rica em mulheres", referindo-se às sete Híades e sete Plêiades.

Gêmeos: (português brasileiro) ou Gémeos (português europeu), ou ainda Gemini
Eles representam
Castor (α) e Pólux (β), irmãos de Helena de Tróia, na mitologia grega. O planeta-anão Plutão foi descoberto próximo a Wasat, δ Gem, em 1930, por Clyde Tombaugh.

Cancer: ou Caranguejo é Cancri. 55 Cancri possui um sistema planetário com dois planetas confirmados. A massa de um deles é 0,84 vezes a de Júpiter, e a do outro é estimada em 5 vezes esta última.As constelações vizinhas, de acordo com as fronteiras modernas, são Lynx, Gemini, Canis Minor, Hydra e Leo.Na China, o Aglomerado de estrelas "Presépio" da constelação de Câncer, chama-se Sekishiki, que significa "buraco por onde as almas sobem para o além".


Leo: o Leão é Leonis. Tem dentro dela a Wolf 359, que é uma das estrelas mais próximas do Sistema Solar mais precisamente a terceira ate o momento.


Virgo:Virgem é Virginis. Uma das identidades mitológicas da Virgem éTêmis, deusa da justiça, que, desgostosa com o comportamento humano, ascendeu ao céu. Em outras versões é identificada com Astréia, filha de Zeus e Têmis, que viveu entre os homens durante a Idade de Ouro, contudo com a decadência da humanidade, retirou-se para o céu onde foi transformada na constelação da Virgem. Um de seus atributos era a balança, daí a proximidade das duas constelações.

Libra: representa o marco miliário no local da decisão da alma, apontando a única direção no caminho da pureza, da castidade e da Concepção Imaculada como simbolizadas em Virgem. Na outra direção, aponta para a “queda” na procriação como simbolizada por Escorpião, o signo da oitava casa que ordena que todas as formas humanas concebidas pelo modo atual de geração têm que morrer.

Scorpius: Na mitologia grega, Scorpius é o escorpião que matou Orion. Por isso, as duas constelações estão em lados opostos do céu, para evitar conflitos entre elas.É uma bela constelação do Zodíaco, cheia de brilhantes estrelas e ricos campos estelares. Antares e a estrela mais brilhante de Escorpião,era considerada uma das "guardiãs do céu segundo os persas.

Sagittarius: O centro da Via Láctea se encontra nesta constelação. centauro - metade homem, metade cavalo - e é identificado com Chiron. Era filho de Cronos e Filira. Um centauro diferia dos demais de sua espécie devido à sua grande sabedoria. O seu pai transmitiu-lhe conhecimentos de medicina, astronomia e música. Chirom incumbiu-se da educação de vários príncipes e heróis, como Aquiles, Teseu, Ulisses e Jasão. Mas quando ao lado de Hércules, lutava contra os centauros, foi atingido, acidentalmente, por uma flecha disparada pelo herói. Sofrendo terríveis dores mas impedido de morrer, Chiron cedeu a sua imortalidade a Prometeu e Zeus colocou-o no Zodíaco, onde constitui a constelação do Sagitário.


Capricórnio : Capricornus é Capricorni. Os antigos associavam-na a uma cabra ou cabra-do-mar.Na mitologia grega pode se referir a Amaltéia, cabra que amamentou Zeus em sua infância em Creta. Também pode fazer referência a figura do Deus Pan, protetor dos bosques, campos e pastores, e a figura dos sátiros, personagens lendários meio homens ,meio bodes.Capricórnio , Capricornus é Capricorni.
Aquarius (Latim para portador da água, símbolo ,Unicode ♒), é Aquarii e a abreviação oficial adotada pela União Astronômica Internacional é Aqr; a constelação é conhecida em português como Aquário, o portador de água.A região do céu em que ela se encontra é conhecida como o Mar ou a Água, devido à proximidade de constelações como Cetus, a Baleia, Pisces, os Peixes, e o rio Eridanus (Erídano). Este é, por vezes, representado como fluindo do vaso do Aquário. Os antigos viam, nessa constelação, a figura de um homem vertendo água de uma ânfora.É a constelação da Era de aquarius.Na mitologia grega a constelação representa o príncipe troiano Ganímedes.

Peixes:
Piscium. A estrela α Psc é conhecida como Alrisha, significando "o nó"; este seria o nó da corda usada para atar os peixes em que a deusa Erosse transformaram para escapar do titã Tífon.

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domingo, 23 de janeiro de 2011

Caramujo Africano: de Iguaria a praga exótica.

Buenas Blogsfera!
Há dias estávamos para abordar esse assunto, precisamos nos mobilizar para poder dar cabo a essa praga...
Ano passado, houve um surto de meningite aqui em Arraial d'Ajuda, temos fortes razões que nos levam a crer que o agente transmissor da doença, foi ele...O Cramujo Africano:

O caramujo africano veio ao Brasil como iguaria e se transformou em molusco invasor que ameaça seriamente o meio-ambiente.
Nativo do leste e nordeste africanos, chegou ao Brasil importado ilelgamente como alternativa econômica.
A pesquisadora do Departamento de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz, Silvana Carvalho Thiengo, conta que o Achatina fulica, como é chamado cientificamente, chegou para substituir ao escargot na década de 1980. A idéia inicial seria comercializá-lo a um preço inferior ao escargot.
O fracasso das tentativas de comercialização levou os criadores, por irresponsabilidade ou desinformação, a soltar os caramujos no ambiente silvestre.
Importado ilegalmente, foi introduzido na década de 80, em fazendas no interior do Paraná e escapou para o meio ambiente, adaptando-se perfeitamente em várias regiões brasileiras. Desde então, passou a ser chamado também de “falso-escargot”.

Os problemas causados pelo crescimento da população do caramujo gigante africano, no Brasil, começaram a ser notados há cerca de 15 anos.

O fracasso das tentativas de comercialização levou os criadores, por irresponsabilidade ou desinformação, a soltar os caramujos no ambiente silvestre.

O caramujo africano está presente até na região amazônica, o que é preocupante uma vez que compete com a fauna nativa e pode causar desequilíbrios ecológicos”.

“Em Ilha Grande, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, a situação já é emergencial pela quantidade de animais e demanda uma intervenção do poder público para o controle da praga e esclarecimento da população”.

O caramujo africano é uma espécie exótica invasora. Tais espécies representam, atualmente, a segunda maior causa de perda de biodiversidade no planeta. Só perdem para os desmatamentos. Além das doenças que pode transmitir, o caramujo ataca, destrói plantações e compete por espaços com outros moluscos da fauna nativa, podendo levá-los à extinção
“Potencialmente, esse molusco pode hospedar dois parasitos. O primeiro deles é o Angiostrongylus cantonensis, responsável por um tipo de meningite que ocorre principalmente na Ásia, havendo alguns casos descritos em Cuba, Porto Rico e Estados Unidos”,.
Embora no Brasil não haja registro dessa parasitose, sua introdução é possível, principalmente em regiões próximas às áreas portuárias, através de ratos de navios que chegam de países asiáticos”, alerta. “Além da questão ambiental e da saúde humana e animal, esses caramujos são também considerados pragas agrícolas pois se alimentam vorazmente de vários tipos de plantas ornamentais e de culturas de subsistência”, observa a especialista. “A criação do caramujo africano visando a comercialização, em vários países, é terminantemente proibida.
Algumas regiões as pessoas desconhecem os males causados pelo caramujo.Para a pesquisadora Cláudia Callil, o caramujo representa uma ameaça à biodiversidade. Em Mato Grosso, a ameaça mais direta do caramujo africano é contra o caramujo nativo conhecido como “aruá”, utilizado por índios para alimentação e confecção de artesanato.
A espécie está na lista de animais ameaçados de extinção. Uma das grandes preocupações é o fato do caramujo africano se reproduzir rapidamente. Relatório do Ibama mostra que o animal pode produzir 500 ovos por ano. “Ele é muito adaptável, come até papelão, isopor e sola de sapato. Imagine isso em um lixão”
Como são hermafroditas (possuem os dois sexos em um mesmo animal) e realizam a autofecundação, basta apenas um indivíduo para que a praga se alastre, afinal são cerca de 400 ovos ano ao por caramujo.
Este caramujo está invadindo ecossistemas e ocupando um lugar que não é seu. Reduzindo assim a diversidade de espécies. Além de devorar folhas, flores e frutos, causando um enorme estrago em plantas de importância agrícola, ornamental e ecológica ele também é canibal, alimentando-se de ovos e jovens caracóis de sua mesma espécie, como forma de obter cálcio para sua concha em ambientes com escassez deste elemento.
Este caramujo é resistente a períodos de seca, além de ser bastante ativo no inverno. Como outros caracóis, ele aprecia a umidade e a sombra, se locomovendo e se alimentando mais à noite e em dias nublados e chuvosos. É capaz de escalar muros e árvores e desta forma transpor de um terreno a outro.
Ao se depararem com infestações de caramujo-africano, as pessoas logo pensam em venenos para controlá-los. Infelizmente os caracóis e lesmas em geral são muito resistentes a venenos e os únicos produtos comerciais disponíveis que se mostram um pouco eficientes (metaldeídos), demonstram elevada toxicidade para os seres humanos e outros animais, de forma que a utilização de pesticidas não é o método de controle atual mais indicado para estes moluscos.
As pesquisas de substâncias eficientes têm se revelado muito importantes neste sentido. A cafeína por exemplo, estudada pelos americanos Robert Hollingsworth, Jonhn Armstrong e Earl Campbel apresenta resultados interessantes.
Assim como o látex da coroa-de-cristo (Euphorbia splendens hislopii), que está sendo testado no combate ao caramujo-gigante-africano pela equipe coordenada pelo pesquisador Maurício Vasconcellos.
O controle do caramujo-africano consiste na catação e destruição dos caramujos. Jamais coloque-os no lixo, pois estará disseminando o problema. Também não coloque sal nos animais pois assim contaminará o solo. O preconizado é o seguinte:
Utilize luvas descartáveis para pegar e manusear os animais
Proteja a pele e as mucosas: não coma, fume ou beba durante o manuseio do caramujo
Coloque os caramujos em dois sacos plásticos e quebre suas conchas.
Enterre-os em valas com pelo menos 80 cm de profundidade, longe de cisternas, poços artesianos ou do lençol freático
Aplique cal virgem sobre os caramujos quebrados (cuidado, a cal queima a pele)
Feche a vala com terra
Retire as luvas e lave muito bem as mãos após isso
É possível também utilizar iscas atrativas, que facilitam a catação. Papas de farelo de trigo com cerveja atraem caramujos a metros de distânica. Cascas de frutas e legumes, estopas embebidas em cerveja ou leite, assim como simples pedaços podres de madeira que lhes servem de abrigo. Verifique as iscas diariamente e não esqueça de protegê-las da chuva e do sol. Coloque-as em locais úmidos e frescos. Preferencialmente sobre a terra. Manter o jardim limpo de folhas mortas e frutos caídos também irá afastar os bichos, e desta forma ainda estará prevenindo outras doenças e pragas, como podridões de origem fúngica e bacteriana, moscas-das-frutas, etc. Não esqueça: as pragas só vivem e se multiplicam onde lhes é oferecido abrigo, comida e água.
O Instituto Oswaldo Cruz disponibiliza atendimento e informações sobre o caramujo-africano pelo telefone (21) 2598-4380 ramal 124.

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sábado, 15 de janeiro de 2011

É pau, é pedra, é o fim do caminho...



Dimensionando e tentando entender essa tragédia que se abalou na região serrana de Rio de Janeiro no day-after.
A pior tragédia "natural" da História do Brasil, o décimo no ranking da OEA em 101 anos na escala de contagem.
A área devastada é maior do que a cidade de São Paulo...Corpos em caminhões frigoríficos e tantos incontáveis ainda soterrados.
Moramos em São Pedro da Serra, Nova Friburgo morro acima, 4 km após Lumiar, onde o Poço feio serpenteia cheio de pedras rolantes e por lá ainda nem se consegue chegar...Poderia estar láaté hoje,não fossem um surto de TPM que me fizeram romper um relacionamento.
Pensamos nos amigos que lá fizemos e nas conversas apolípticas que tínhamos com o pessoal do instituto de Física da UERJ, o Sérgio Bretas, Marcus Ledo, que lá têm sítios...a Rita (rest mão na massa) irmã da Nonoca Arraiana se mudou para lá...meu Deus como devem estar agora?
Além da dor da perda, o desatino...Água vendida a preço estratosférico, o desespero levando a população ao saque.

Os xamãs denomimam poetas, músicos, artistas e afins "Batedores Avançados", eles sondam o Grande Mistério e trazem de lá dicas, referências, profecias....
O Sítio onde Tom Jobim compôs "Águas de Março" foi devastado , que profecia meu Pai do Céu:
-É pau, é pedra é o fim do caminho. É a noite é a morte.




O "Dedo de Deus" nos apontando para o Céu...

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Rosa dos Ventos danou-se: Represas viram bombas-hidráulicas


Franco da Rocha em SP, inundada depois que abriram as compotas da represa.

Já dava para antever na leitura dos céus...Esse ia ser um ano de fúria das águas, mas nunca que ia imaginar que seria nessa proporção catastrófica e numa abrangência tão avassaladora logo assim de cara...
Também queriam o que?"Asfaltaram o mundo", parafraseando o GT, tudo impermeabilizado e cada vez mais, caindo água do céu em dias de mundanças climáticas severas....
Cidades inteiras destruídas, Teresópolis, onde o dedo de Deus aponta os céus, Nova Friburgo, lugar mais suiço que já fui...a lama cobriu tudo, gente soterreda desaparecida levada pelas águas. Atibaia e tantas outras em frangalhos,.
Que Deus se compadeça e amanse as águas e dê aos homens força e coragem para cuidar de reconstruir. Contrariando as previsões meteriológicas de que vem mais agueiro por aí...
Abaixo selecionamos 2 pontos de vista:
O primeiro uma cínica justificativa de um sujeito, autoridade chefe da SABESP que minimiza a tragédia anunciada das consquências devastadoras que é abrir compotas de represas.
A segunda, um estudo sério sobre represas, pondo em xeque essa postura negligente e auto-indulgente. ...
Ei-los:

O presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, afirmou que "as represas estão atenuando a ação das chuvas" em Franco da Rocha.
A cidade amanheceu inundada nesta nesta quarta-feira (12). Segundo o vice-prefeito, José Antônio Pariz Júnior, o alagamento foi provocado pela abertura da represa Paiva Castro, que, na manhã de terça-feira (11), atingiu o nível máximo.

Paulo Masato, diretor da Sabesp na região metropolitana, confirma que a abertura das comportas é responsável pela permanência da enchente em Franco da Rocha, mas ressalva que a ação era inevitável, uma vez que a represa estava muito cheia por causa das chuvas que atingiram a região. Caso isso não fosse feito, segundo ele, a barragem seria destruída e o algamento em Franco da Rocha seria ainda pior.

- Já tínhamos avisado a Defesa Civil, e tivemos que tomar essa decisão de abrir mais as comportas. A Defesa Civil estava junto com a Sabesp. O que tem que fazer é acertar a canalização do rio Juqueri.

No período das cheias, as represas retêm boa parte da vazão de água que chega ao rio, liberando esse volume aos poucos, de forma controlada, evitando ou reduzindo o impacto das inundações.

O presidente da empresa anunciou que haverá distribuição de cloro para a população de Franco da Rocha. O produto deverá ser usado na higienização de casas que foram alagadas. Tendas da Sabesp estão sendo montadas na cidade para orientar os moradores.

- Faremos tudo que é necessário para mitigar os efeitos da chuva e colaborar com qualquer ação que as prefeituras venham a precisar.
Segundo a Sabesp, a prefeitura decidirá quando inicia a distribuição, que começará na estação de trem de Franco da Rocha.

Os danos causados pelas barragens tem pairado internacionalmente nas últimas décadas, em parte devido ao fato do aquecimento global estar a causando tempestades cada vez mais intensas, e também porque cada vez mais pessoas vivem e trabalham em planícies aluviais.

As Nações Unidas(ONU) estimam que até 2050, o número de pessoas em risco de desastre de cheias irá aumentar até 2 bilhões. Um fator importante por detrás destes desastres em espiral são as mesmas medidas de controle que supostamente deveriam proteger contra estas calamidades.

As barragens e represas não conseguem ser sempre à prova de falhas, e quando estas falhas acontecem, ocorrem de forma espetacular, e por vezes são catastróficas. É criada uma falsa percepção de segurança que encoraja projectos de desenvolvimento arriscados em planícies aluviais vulneráveis.

Em demasiados casos de controle de cheias através de barragens, os habitantes a jusante são colocados em risco por agências que estão mais interessadas em espremer a maior quantidade possível de energia ou de água para irrigação dos reservatórios, do que manter os níveis de água baixos o suficiente para absorver as águas das cheias.

As limitações das formas de controle convencionais irão se tornar mais evidentes à medida que se realizarem testes às barragens e represas, de forma a testar os seus limites programados, através da indução dos efeitos do aquecimento global.

O autor Jacques Leslie descreve de forma apta as barragens como “armas carregadas apontadas aos rios”. As barragens matam, não só pela negligência e falha dos operadores de barragens em avisar as pessoas a jusante quando as comportas são abertas subitamente, mas também porque estas se desmoronam (em 1975, na China Central, pelo menos 230,000 pessoas morreram devido a uma sequência de falhas de barragens).

Várias barragens de grande porte desmoronaram na Nigéria com consequências mortais, destacam-se a Barragem Bagauda no estado de Kano, em 1988 (250 mil mortoa); a Barragem de Cham no estado de Gombe, em 1991 e, a Barragem de Bagoma no estado de Kaduna, em 1994.

Os planos de controle convencionais de “caminho duro” costumam ignorar os trajectos complexos dos rios e costas. As barragens, represas, o estreitamento e dragagem dos rios desencadeiam mudanças profundas no fluxo da água e sedimentos ao longo das bacias.

Os danos das cheias aumentam quando os engenheiros dos projectos reduzem a capacidade dos canais dos rios, bloqueiam os escoamentos naturais, aumentam a velocidade das inundações, causam subsidência dos deltas e erosão costeira. Adicionando a isto, os planos de controle convencionais de “caminho duro” normalmente diminuem a saúde ecológica dos rios e estuários. Existe uma forma de lidar com estas inundações – o “caminho suave” na gestão de risco de cheias.

A gestão de risco de cheias assume que todas as infra-estruturas anti-cheias podem falhar, e, estas falhas devem ser planeadas. O “caminho suave” também é baseado num entendimento de que alguma inundação é necessária para a saúde dos ecossistemas ribeirinhos.

Em vez de gastar biliões de dólares em vão a tentar erradicar as cheias, nós devemos reconhecer que as cheias irão acontecer, e aprender a viver com este facto da melhor maneira possível.

Isto significa tomar medidas de forma a diminuir a sua rapidez e tamanho dos rios (por exemplo, restaurar os mangais e o serpentear do curso o rio) e duração (melhorando por exemplo a drenagem).

Isto significa proteger os nossos bens mais valiosos, construindo casas em montes ou sobre pilares, defender áreas urbanas com represas planeadas e mantidas de forma cuidadosa. Isto também significa fazer tudo o que for possível para sair do caminho destrutivo das cheias através de um aviso atempado e medidas de evacuação.

Tais prácticas estão em uso em várias partes do mundo. Na China, estão em curso esforços para efetuar a restauração de 20.000 quilómetros quadrados do mangal de Yangtze, de forma a atuar como área de absorção de inundações.

Estão a ser realizados testes com descargas de hídricas artificiais na Nigéria como meio de reavivar os ecossistemas dos mangais a jusante, desde as Barragens do Tiga e de Challawa Gorge. Neste momento, estão a ser propostas alterações na gestão de águas para a Barragem de Cahora Bassa que poderão reduzir o impacto de grandes inundações e restaurar os ecossistemas a jusante.

Nos Estados Unidos, está em curso no rio Napa, na Califórnia,
um projecto de 10 anos, que tem como objectivo reduzir as cheias e restaurar as marés pantanosas, bem como retirar alguns edifícios da zona de inundações e recuar represas de forma a dar mais espaço ao rio para este se estender.

As comunidades que vivem ao longo do rio mais longo de França, o rio Loire, conseguiram persuadir o governo a esboçar um plano de “controlo de inundações” que favorecesse a restauração do rio e com um sistema de prevenção.

Apesar do consenso Mundial crescente de que a única politica realística de controlo de cheias é a mitigação e não a eliminação, persistem ainda facções poderosas devotas a métodos de controlo de cheias “duros” e obsoletos.

Existe um triângulo de políticos, burocratas e construtores de barragens que continua a prometer a salvação através de represas e barragens após ocorrência de cheias (mesmo quando as cheias se tornaram piores – ou foram causadas – por barragens ou represas já existentes).

No lugar de seguir métodos de gestão de inundações que fracassaram em outros pontos do Mundo, África pode aprender através dos erros de outras nações, e adoptar um conjunto de técnicas mais flexíveis, efectivas e sofisticadas, de forma a lidar melhor com as cheias.
McCully é o autor de “Depois do Dilúvio: Lidando com cheias num Clima em Mudança”, que foi publicado pelo International Rivers - Rede Internacional de Rios.

Há dias que toda hora me pego do nada cantando essa música do Chico, na trilha sonora da labuta diária...."Rosa dos Ventos". Sintonia na esteira mental do inconsciente coletivo...é a config da hora Júpiter e Urano em peixes.




E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima para socorrer
E na gente deu o hábito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr

Mas sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão
E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão
Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito do rio fartou-se
E inundou de água doceA amargura do mar

Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Ainda que tarde
O seu despertar

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Era Dilma, compromissos firmados no Discurso de posse:


Bom Dilma blogsfera!
No dia 1º. de janeiro de 2011, o Brasil escreve mais uma importante página em sua história política: a primeira mulher era empossada Presidenta da República Federativa do Brasil.
Aqui registramos na íntegra o discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante Compromisso Constitucional perante o Congresso Nacional, 1º de janeiro de 2011.


Senhor presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney,
Senhores chefes de Estado e de Governo que me honram com as suas presenças,
Senhor vice-presidente da República, Michel Temer,
Senhor presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia,
Senhor presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso,
Senhoras e senhores chefes das missões estrangeiras [vide Informações sobre o credenciamento de Missões Especiais para a Posse Presidencial", do Itamaraty],
Senhoras e senhores ministros de Estado,
Senhoras e senhores governadores,
Senhoras e senhores senadores,
Senhoras e senhores deputados federais,
Senhoras e senhores representantes da imprensa [ver Entrega de credenciais de imprensa para as Cerimônias no Palácio do Planalto e no Palácio Itamaraty],
Meus queridos brasileiros e brasileiras,

Pela decisão soberana do povo [vide Constituição, 1988, Art. 1º, Parágrafo único], hoje será a primeira vez que a faixa presidencial cingirá o ombro de uma mulher.

Sinto uma imensa honra por essa escolha do povo brasileiro e sei do significado histórico desta decisão.

Sei, também, como é aparente a suavidade da seda verde-amarela da faixa presidencial, pois ela traz consigo uma enorme responsabilidade perante a nação.

Para assumi-la, tenho comigo a força e o exemplo da mulher brasileira. Abro meu coração para receber, neste momento, uma centelha da sua imensa energia.

E sei que meu mandato [cf. Constituição, 1988, Art. 82] deve incluir a tradução mais generosa desta ousadia do voto popular [cf. Constituição, 1988, Art. 14] que, após levar à Presidência um homem do povo, um trabalhador [Luiz Inácio Lula da Silva], decide convocar uma mulher para dirigir os destinos do país.

Venho para abrir portas para que muitas outras mulheres também possam, no futuro, ser presidentas; e para que – no dia de hoje – todas as mulheres brasileiras sintam o orgulho e a alegria de ser mulher.
Não venho para enaltecer a minha biografia; mas para glorificar a vida de cada mulher brasileira. Meu compromisso supremo – eu reitero – é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos!

Venho, antes de tudo, para dar continuidade ao maior processo de afirmação que este país já viveu nos tempos recentes.

Venho para consolidar a obra transformadora do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, venho para consolidar a obra transformadora do Presidente Lula, com quem tive a mais vigorosa experiência política da minha vida [Ministra-chefe da Casa Civil e Ministra de Minas e Energia] e o privilégio de servir ao país, ao seu lado, nestes últimos anos [2003-2010].

De um presidente que mudou a forma de governar e levou o povo brasileiro a confiar ainda mais em si mesmo e no futuro do país.
A maior homenagem que posso prestar a ele é ampliar e avançar as conquistas do seu governo. Reconhecer, acreditar e investir na força do povo foi a maior lição que o Presidente Lula deixa para todos nós.

Sob a sua liderança, o povo brasileiro fez a travessia para uma outra margem da nossa história.

Minha missão agora é de consolidar esta passagem e avançar no caminho de uma nação geradora das mais amplas oportunidades [ver, por exemplo, "2010 foi um ano positivo para a Segurança do Trabalho", "Orçamento do FGTS bate recorde em 2010", "Desocupação é a menor desde 2002, apura o IBGE" etc. em: MTE, 2010).


Quero, neste momento, prestar minha homenagem a outro grande brasileiro, incansável lutador, companheiro que esteve ao lado do Presidente Lula nesses oito anos: nosso querido vice-presidente José Alencar. Que exemplo de coragem e de amor à vida nos dá este grande homem!! ["Após posse de Dilma, Lula visita José Alencar no hospital" (Correio24horas, 1 jan. 2011)] E que parceria fizeram o Presidente Lula e o vice-presidente José Alencar pelo Brasil e pelo nosso povo!!

Eu e o vice-presidente, Michel Temer [presidente do PMDB e ex-Presidente da Câmara dos Deputados], nos sentimos responsáveis por seguir no caminho iniciado por eles.

Um governo se alicerça no acúmulo de conquistas realizadas ao longo da história. Ele sempre será, ao seu tempo, mudança e continuidade [vide, por exemplo, a famosa política externa independente (PEI) dos governos Jânio Quadros e Jango, em contraste com a dos seus antecessores e daqueles que os sucederam imediatamente (golpe militar de 1964) - "imediatamente", uma vez que quase no final da ditadura, o governo optou uma pseudo-PEI, i.e., uma política externa ecumênica, pragmática e racional]. Por isso, ao saudar os extraordinários avanços recentes, liderados pelo Presidente Lula, é justo lembrar que muitos, a seu tempo e a seu modo, deram grandes contribuições às conquistas do Brasil de hoje.


Vivemos um dos melhores períodos da vida nacional: milhões de empregos estão sendo criados [cf. "Termina um dos melhores anos para o emprego na Construção Civil", "Contratações de pessoas com deficiência disparam em 2010", em MTE, 2010]; nossa taxa de crescimento mais que dobrou [vide, por exemplo, "PIB brasileiro cresce em 'ritmo chinês' com alta de 2,7% no 1º trimestre" (BBC, 8 jun. 2010) e "Brasil deve ter o 7º PIB mundial em 2011" (JB, 1 jan. 2011)] e encerramos um longo período de dependência do Fundo Monetário Internacional [após acatar obedientemente as bulas do Consenso de Washington e ver sua ecnomia e seu desenvolvimento social irem por ralo abaixo, "Brasil vira credor do FMI pela primeira vez na história" (IG, 21 jan. 2010)], ao mesmo tempo em que superamos a nossa dívida externa.

Reduzimos, sobretudo, a nossa dívida social, a nossa histórica dívida social, resgatando milhões de brasileiros da tragédia da miséria e ajudando outros milhões a alcançarem a classe média [ver, e.g., "Governo Lula conquista os ricos para tirar 24 milhões da miséria" (R7, 31 dez. 2010)].


Mas, em um país com a complexidade do nosso, é preciso sempre querer mais, descobrir mais, inovar nos caminhos e buscar sempre novas soluções.

Só assim poderemos garantir, aos que melhoraram de vida, que eles podem alcançar mais; e provar, aos que ainda lutam para sair da miséria, que eles podem, com a ajuda do governo e de toda a sociedade, mudar de vida e de patamar.

Que podemos ser, de fato, uma das nações mais desenvolvidas [segundo relatório da ONU, o Brasil é o 73º país mais desenvolvido do mundo, com base no IDH] e menos desiguais do mundo [segundo o PNUD, o Estado brasileiro é o 10º mais desigual do mundo] – um país de classe média sólida e empreendedora.
Uma democracia vibrante e moderna [o Brasil recebeu nota máxima do E-Parliament, "que fiscaliza a democracia parlamentar em todo o mundo" (Publico, 11 maio 2009)], plena de compromisso social, liberdade política e criatividade.

Queridos brasileiros e queridas brasileiras,

Para enfrentar estes grandes desafios é preciso manter os fundamentos que nos garantiram chegar até aqui.

Mas, igualmente, agregar novas ferramentas e novos valores.
Na política é tarefa indeclinável e urgente uma reforma com mudanças na legislação para fazer avançar nossa jovem democracia, fortalecer o sentido programático dos partidos e aperfeiçoar as instituições, restaurando valores e dando mais transparência ao conjunto da atividade pública. [A Presidenta, aqui, se refere à reforça política, tão deixada a cabo do acaso por nossos políticos, tendo em vista que, dentre outros, visaria a legislar/fiscalizar/limitar os financiamentos às campanhas, impossibilitando, assim, "caixas 2" e outras mazelas politiqueiras]

Para dar longevidade ao atual ciclo de crescimento é preciso garantir a estabilidade, especialmente a estabilidade de preços, e seguir eliminando as travas que ainda inibem o dinamismo da nossa economia, facilitando a produção e estimulando a capacidade empreendedora de nosso povo, da grande empresa até os pequenos negócios locais, do agronegócio à agricultura familiar [a estabilidade econômica brasileira, tão celebrada, permite, dentre outras facetas, a diminuição de juros, os quais, ainda, são uns dos maiores do mundo].

É, portanto, inadiável a implementação de um conjunto de medidas que modernize o sistema tributário, orientado pelo princípio da simplificação e da racionalidade. O uso intensivo da tecnologia da informação deve estar a serviço de um sistema de progressiva eficiência e elevado respeito ao contribuinte [o Brasil, ao longo do Governo Lula, investiu como nunca em desenvolvimento tecnológico, sobretudo no que tange às tecnologias da informação e comunicação (TIC). Prova disso são as automações cada vez mais frequentes nos serviços públicos, como agendamento de atendimento pela Internet ou in loco nas agências governamentais (como o Portal eCAC) ou serviços bancários e trabalhistas (como o Cartão Cidadão), por exemplo. Sem contar nas inúmeras iniciativas de inclusão digital e de reciclagem e aperfeiçoamento de professores (como PROINFO, UCA etc.). A maioria dessas conquistas se deve pelo fato de o Governo Federal optar e incentivar o software livre como uma plataforma econômico-social de desenvolvimento humano-tecnológico.].

Valorizar nosso parque industrial e ampliar sua força exportadora será meta permanente. A competitividade de nossa agricultura e da nossa pecuária, que faz do Brasil grande exportador de produtos de qualidade para todos os continentes [vide, por exemplo, "Brasil já é o terceiro maior exportador agrícola do mundo" (ESTADÃO, 6 mar. 2010)], merecerá toda a nossa atenção. Nos setores mais produtivos a internacionalização de nossas empresas já é uma realidade [sobretudo, com a ajuda do SEBRAE e do BNDES].

O apoio aos grandes exportadores não é incompatível com o incentivo, o desenvolvimento e o apoio à agricultura familiar e ao microempreendedor. As pequenas empresas são responsáveis pela maior parcela dos empregos permanentes em nosso país. Merecerão políticas tributárias e de crédito perenes.

Valorizar o desenvolvimento regional é outro imperativo de um país continental, sustentando a vibrante economia do Nordeste, preservando e respeitando a biodiversidade da Amazônia, no Norte, dando condições à extraordinária produção agrícola do Centro-Oeste, à força industrial do Sudeste e à pujança e ao espírito de pioneirismo do Sul.


É preciso, antes de tudo, criar condições reais e efetivas capazes de aproveitar e potencializar, ainda mais e melhor, a imensa energia criativa e produtiva do povo brasileiro.

No plano social, a inclusão só será plenamente alcançada com a universalização e a qualificação dos serviços essenciais. Este é um passo decisivo e irrevogável, para consolidar e ampliar as grandes conquistas obtidas pela nossa população no período do governo do Presidente Lula.

É, portanto, tarefa indispensável uma ação renovadora, efetiva e integrada dos governos federal, estadual e municipal, em particular nas áreas da saúde, da educação e da segurança, o que é vontade expressa das famílias e da população brasileira.

Queridos brasileiros e brasileiras,

A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos [um dos baluartes do governo anterior].

Uma expressiva mobilidade social ocorreu nos dois mandatos do Presidente Lula. Mas ainda existe pobreza a envergonhar nosso país e a impedir nossa afirmação plena como povo desenvolvido.

Não vou descansar enquanto houver brasileiros sem alimentos na mesa [com a Emenda Constitucional nº 64, de 2010, o Art. 6º da Constituição (1988), o direito à alimentação se tornou um direito fundamental. Conforme aponta Fábio K. Comparato (em "A afirmação histórica dos Direitos Humanos"), há uma sutil diferença entre direito fundamental e direito humano; basicamente, o primeiro seria o segundo positivado - ou seja, garantido em lei. Isso faz com que um direito fundamental (como o acesso à Internet, na Finlândia e na Estônia) não seja necessariamente um direito humano.], enquanto houver famílias no desalento das ruas, enquanto houver crianças pobres abandonadas à própria sorte. O congraçamento das famílias se dá no alimento, na paz e na alegria [o que remete, de certa forma, aqui, à controversa proposta de emenda à Constituição (PEC) que busca inserir no rol dos direitos fundamentais da Constituição (1988), em seu Art. 6º, a palavra "felicidade" (daí o nome da proposta ser "PEC da Felicidade")]. É este o sonho que vou perseguir!

Esta não é tarefa isolada de um governo, mas um compromisso a ser abraçado por toda a nossa sociedade. Para isso peço com humildade o apoio das instituições públicas e privadas, de todos os partidos, das entidades empresariais e dos trabalhadores, das universidades, da juventude, de toda a imprensa e das pessoas de bem.

A superação da miséria exige prioridade na sustentação de um longo ciclo de crescimento. É com crescimento que serão gerados os empregos necessários para as atuais e as novas gerações.

É com crescimento, associado a fortes programas sociais, que venceremos a desigualdade de renda e do desenvolvimento regional [alusão ao binômio crescimento econômico e social].

Isso significa – reitero – manter a estabilidade econômica como valor. Já faz parte, aliás, da nossa cultura recente a convicção de que a inflação desorganiza a economia e degrada a renda do trabalhador [para efeitos comparatórios sobre os índices de inflação no Brasil vide "Histórico de Metas para a Inflação no Brasil" (IBGE, 2010) e "Gráfico inflação no Brasil entre 1930 e 2005" (WIKIPEDIA, 2 jan. 2011)]. Não permitiremos, sob nenhuma hipótese, que essa praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres.

Continuaremos fortalecendo nossas reservas externas [ou reservas internacionais, que, em 30 dez. 2010, estavam em aproximados US$ 288 bilhões, conforme o BACEN] para garantir o equilíbrio das contas externas e bloquear e impedir a vulnerabilidade externa. Atuaremos decididamente nos fóruns multilaterais na defesa de políticas econômicas saudáveis e equilibradas, protegendo o país da concorrência desleal e do fluxo indiscriminado de capitais especulativos [que não gera lucros por meio do trabalho e/ou da produção].

Não faremos a menor concessão ao protecionismo dos países ricos que sufoca qualquer possibilidade de superação da pobreza [a "mão invisível", de Adam Smith, não é tão invisível assim: entre os discursos liberais e a prática protecionista - sobretudo do setor agrícola -, os EUA, principalmente, impõem barreiras cada vez maiores aos produtos brasileiros (se já não bastassem as os preços das commodities brasileiras que são regulados pelo exterior), ao mesmo tempo em que solicita que países em desenvolvimento abram seus mercados para os deles. Como as negociações da "Rodada Doha" (no âmbito da OMC) estão paradas, resta o Brasil e oturos países em igual situação discutirem tais impedimentos e mecanismos em outros forúns. E é isso que a diplomacia brasielira tem feito, nos últimos anos] de tantas nações pela via do esforço de produção.

Faremos um trabalho permanente e continuado para melhorar a qualidade do gasto público [estudos têm mostrado que os gastos públicos só não são mais impactantes na sociedade pelo fato de os valores das arrecações tributárias terem aumentado consideravelmente também. Isso demonstra que a "eficiência" no controle desses gastos públicos não tem sido tão impactante assim. Daí, por exemplo, iniciativas como a "Coletânea de melhores práticas de gestão do gasto público", feita pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em 2008].

O Brasil optou, ao longo de sua história, por construir um Estado provedor de serviços básicos e de Previdência Social pública [vide Constituição (1988), Seção III "DA PREVIDÊNCIA SOCIAL"].

Isso significa custos elevados para toda a sociedade, mas significa também a garantia do alento da aposentadoria para todos e serviços de saúde [cf. Constituição (1988), Art. 23, II] e educação [cf. Constituição (1988), CAPÍTULO III "DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO", Seção I "DA EDUCAÇÃO"] universais. Portanto, a melhoria dos serviços públicos é também um imperativo de qualificação dos gastos governamentais.

Outro fator importante da qualidade da despesa é o aumento dos níveis de investimento em relação aos gastos de custeio. O investimento público é essencial como indutor do investimento privado e como instrumento de desenvolvimento regional.

Através do Programa de Aceleração do Crescimento e do programa Minha Casa, Minha Vida manteremos o investimento sob estrito e cuidadoso acompanhamento da Presidência da República e dos Ministérios.

O PAC [cujo sítio virtual oficial se encontra em www.pac.gov.br] continuará sendo um instrumento de coesão da ação governamental e coordenação voluntária dos investimentos estruturais dos estados e municípios. Será também vetor de incentivo ao investimento privado, valorizando todas as iniciativas de constituição de fundos privados de longo prazo.
Por sua vez, os investimentos previstos para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas serão concebidos de maneira a dar ganhos permanentes de qualidade de vida, em todas as regiões envolvidas.

Esse princípio vai reger também nossa política de transporte aéreo. É preciso, sem dúvida, melhorar e ampliar nossos aeroportos para a Copa e as Olimpíadas. Mas é mais que necessário melhorá-los já, para arcar com o crescente uso desse meio de transporte por parcelas cada vez mais amplas da população brasileira. brasileiras e queridos brasileiros,

Junto com a erradicação da miséria, será prioridade do meu governo a luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança.
Nas últimas décadas, o Brasil universalizou o ensino fundamental. Porém, é preciso melhorar qualidade e aumentar as vagas no ensino infantil e no ensino médio.
Para isso, vamos ajudar decididamente os municípios a ampliar a oferta de creches e de pré-escolas.
No ensino médio, além do aumento do investimento público vamos estender a vitoriosa experiência do ProUni para o ensino médio profissionalizante, acelerando a oferta de milhares de vagas para que nossos jovens recebam uma formação educacional e profissional de qualidade.
Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso dos professores e da sociedade com a educação das crianças e dos jovens.
Somente com avanço na qualidade de ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Consolidar o Sistema Único de Saúde será outra grande prioridade do meu governo
[sobre o mesmo tema, o presidente dos EUA, Barack Obama, sofreu e vem sofrendo forte oposição e, consequentemente, dificuldade em implantar tais políticas públicas voltadas à saúde. Todavia, ao contrário do legislativo estadunidense, a maioria do Congresso Nacional brasileiro é formada pela situação].

Para isso, vou acompanhar pessoalmente o desenvolvimento desse setor tão essencial para o povo brasileiro.

O SUS deve ter como meta a solução real do problema que atinge a pessoa que o procura, com uso de todos os instrumentos de diagnóstico e tratamento disponíveis, tornando os medicamentos acessíveis a todos, além de fortalecer as políticas de prevenção e promoção da saúde.

Vou usar, sim, a força do governo federal para acompanhar a qualidade do serviço prestado e o respeito ao usuário.

Vamos estabelecer parcerias com o setor privado na área da saúde, assegurando a reciprocidade quando da utilização dos serviços do SUS.

A formação e a presença de profissionais de saúde adequadamente distribuídos em todas as regiões do país será outra meta essencial ao bom funcionamento do sistema.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

A ação integrada de todos os níveis do governo e a participação da sociedade é o caminho para a redução da violência que constrange a sociedade e as famílias brasileiras.
Meu governo fará um trabalho permanente para garantir a presença do Estado em todas as regiões mais sensíveis à ação da criminalidade e das drogas, em forte parceria com estados e municípios.

O estado do Rio de Janeiro mostrou o quanto é importante, na solução dos conflitos, a ação coordenada das forças de segurança dos três níveis de governo, incluindo – quando necessário – a participação decisiva das Forças Armadas [o que, per se, gera grande debate em torno do papel das forlas de segurança e da foças de defesa (militares, compostas pela tríade Exército, Marinha e Aeronáutica). Sobre isso, por exemplo, ver nota da ABED].

O êxito dessa experiência deve nos estimular a unir as forças de segurança no combate, sem tréguas, ao crime organizado [cf., por exemplo, os investimentos em alta tecnologia proporcionados às Polícia Federal. Este vídeo dá uma pequena e importante dimensão da atuação e das necessidades da PF], que sofistica a cada dia seu poder de fogo e suas técnicas de aliciamento dos jovens.

Buscaremos também uma maior capacitação federal na área de inteligência [os últimos cocnursos da Abin, em 2008 e 2010, demonstram a necessidade crescente de profissionais nesta área] e no controle das fronteiras [o último conurso da Polícia Federal (2009), por exemplo, também demonstrou o déficit de homens nas fronteiras brasileiras - sobretudo amazônica], com o uso de modernas tecnologias [o uso pioneiro dos veículos aéreos não tripulados (VANT), na amazônia, por parte das equipes de defesa demonstra esse maior grau de percepção do Governo Federal para com o investimento tecnológico nas Forças Armadas (o que a Estratégia Nacional de Defesa (2008) já previra] e treinamento profissional permanente.

Reitero meu compromisso de agir no combate às drogas, em especial ao avanço do crack, que desintegra nossa juventude e infelicita as nossas famílias [o crack é obtido através da cocaína. Esta, por sua vez, entra no Brasil principalmente pelas fronteiras brasileiras. Daí, portanto, uma maior ênfase às fronteiras não simplesmente em termos de porta de entrada para um possível ataque estrangeiro, mas como uma porta aberta para o narcotráfico].

O pré-sal é nosso passaporte para o futuro [de fato, muito se especula acerca de como se dará as relações do Brasil com o resto do mundo, após o País iniciar a produção de petróleo em larga escala. Um bom exemplo disso é o dilema - negado, antemão, pelo Governo brasileiro - de entrar na controversa Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Mas não há o que negar que os lucros oriundos da exploração do Pré-sal irão colocar o Brasil no rol dos principais produtores do hidrocarboneto e, de quebra, inserí-lo de facto como uma das grandes potências mundiais], mas só o será plenamente, queridas brasileiras e queridos brasileiros, se produzir uma síntese equilibrada de avanço tecnológico, avanço social e cuidado ambiental.

A sua própria descoberta é resultado do avanço tecnológico brasileiro e de uma moderna política de investimentos em pesquisa e inovação. Seu desenvolvimento será fator de valorização da empresa nacional e seus investimentos serão geradores de milhares de novos empregos.

O grande agente dessa política foi e é a Petrobras, símbolo histórico da soberania brasileira na produção energética e do petróleo.

O meu governo terá a responsabilidade de transformar a enorme riqueza obtida no pré-sal em poupança de longo prazo, capaz de fornecer às atuais e às futuras gerações a melhor parcela dessa riqueza transformada, ao longo do tempo, em investimentos efetivos na qualidade dos serviços públicos, na redução da pobreza e na valorização do meio ambiente. Recusaremos o gasto apressado, que reserva às futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.

Queridos e queridas brasileiras e brasileiros,

Muita coisa melhorou no nosso país, mas estamos vivendo apenas o início de uma nova era. O despertar de um novo Brasil.

Recorro a um poeta da minha terra natal. Ele diz: “o que tem de ser, tem muita força, tem uma força enorme”.

Pela primeira vez o Brasil se vê diante da oportunidade real de se tornar, de ser, uma nação desenvolvida. Uma nação com a marca inerente também da cultura e do estilo brasileiros – o amor, a generosidade, a criatividade e a tolerância.

Uma nação em que a preservação das reservas naturais e das suas imensas florestas, associada à rica biodiversidade e à matriz energética mais limpa do mundo, permitem um projeto inédito de país desenvolvido com forte componente ambiental.

O mundo vive em um ritmo cada vez mais acelerado de revolução tecnológica. Ela se processa tanto na decifração de códigos desvendadores da vida quanto na explosão da comunicação e da informática [vivemos na Revolução da Informação ou Terceira Revolução Industrial (as outras duas ocorreram (i) da metade do século XVIII ao início do XIX e (ii) da segunda metade do século XIX aos anos 1970). O fato de ser uma "revulução" quer dizer que ajustes (muitas vezes radicais) devem ser realizados no sentido de acompanhar as mudanças proporcionadas pelo capitalismo global e os avanços das tecnologias nos microchips - a cabo desde o último quartel do século XX].

Temos avançado na pesquisa e na tecnologia, mas precisamos avançar muito mais. Meu governo apoiará fortemente o desenvolvimento científico e tecnológico para o domínio do conhecimento e para a inovação como instrumento fundamental de produtividade e competitividade do nosso país.

Mas o caminho para uma nação desenvolvida não está somente no campo econômico ou no campo do desenvolvimento econômico pura e simplesmente. Ele pressupõe o avanço social e a valorização da nossa imensa diversidade cultural. A cultura é a alma de um povo, essência de sua identidade [vide Constituição (1988), Art. 23, V e Seção II "DA CULTURA"].

Vamos investir em cultura, ampliando a produção e o consumo em todas as regiões de nossos bens culturais e expandindo a exportação de nossa música, cinema e literatura, signos vivos de nossa presença no mundo.

Em suma: temos que combater a miséria, que é a forma mais trágica de atraso, e, ao mesmo tempo, avançar investindo fortemente nas áreas mais modernas e sofisticadas da invenção tecnológica, da criação intelectual e da produção artística e cultural.

Justiça social, moralidade, conhecimento, invenção e criatividade devem ser, mais que nunca, conceitos vivos no dia a dia da nossa nação.

Queridas e queridos brasileiros e brasileiras,

Considero uma missão sagrada do Brasil a de mostrar ao mundo que é possível um país crescer aceleradamente, sem destruir o meio ambiente.

Somos e seremos os campeões mundiais de energia limpa, um país que sempre saberá crescer de forma saudável e equilibrada.

O etanol e as fontes de energias hídricas terão grande incentivo, assim como as fontes alternativas: a biomassa, (incompreensível) a eólica e a solar. O Brasil continuará também priorizando a preservação das reservas naturais e de suas imensas florestas.

Nossa política ambiental favorecerá nossa ação nos fóruns multilaterais. Mas o Brasil não condicionará sua ação ambiental ao sucesso e ao cumprimento, por terceiros, de acordos internacionais [aqui, o tom ficou mais forte, demonstrando que o Brasil não jogará, no campo das relações internacionais, um jogo de cartas marcadas, mas fará questão de ser um dos players principais, sobretudo no que tange a matérias de meio ambiente e direito ambiental].

Defender o equilíbrio ambiental do Planeta é um dos nossos compromissos nacionais mais universais [e mais evidente com a realização da ECO-92, a primeira grande reunião da ONU após a dissolução da URSS, e na qual apontou João Pessoa, (a capital da Paraíba) como a segunda cidade mais verde do mundo, além de definir metas e algumas recomendações e princípios voltados à preservação do meio ambiente].

Meus queridos brasileiros e brasileiras,
Nossa política externa estará baseada nos valores clássicos da tradição diplomática brasileira: promoção da paz, respeito ao princípio de não intervenção, defesa dos Direitos Humanos e fortalecimento do multilateralismo [aqui, a Presidenta se remete diretamente (i) à Constituição (1988), Art. 4º, e (ii) ao histórico das ações do Itamaraty, alicercadas principalmente pelo Barão do Rio Branco].

O meu governo continuará engajado na luta contra a fome e a miséria no mundo.

Seguiremos aprofundando o relacionamento com nossos vizinhos sul-americanos; com nossos irmãos da América Latina [vide Cosntituição (1988), Art. 4º, Parágrafo único] e do Caribe; com nossos irmãos africanos [sobretudo com a continuidade dos projetos de desenvolvimento econômico-social iniciados pelo Governo Lula no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que utiliza agências e órgãos públicos e privados como a ABC, SEBRAE, BNDES etc.] e com os povos do Oriente Médio e dos países asiáticos. Preservaremos e aprofundaremos o relacionamento com os Estados Unidos e com a União Europeia.
Vamos dar grande atenção aos países emergentes
[lembrando que a África do Sul entrou oficialmente no BRIC, que agora se chama BRICS, ou seja, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (o "S" é de South Africa)].

O Brasil reitera, com veemência e firmeza, a decisão de associar seu desenvolvimento econômico, social e político ao nosso continente [aqui, muitos da oposição, talvez, se indagam sobre se o Brasil deve mesmo arcar com todo o desenvolvimento do Cone Sul. Com as últimas ações diplomáticas, comerciais etc. do último Governo, se percebe que o Brasil (através principalmente da ação do BNDES em outros países) vem buscando ajudar no desenvolvimento dos outros países e, assim, estes se autossustentarem melhor ainda. O Governo Dilma tem tudo para dar continuidade a essa filosofia de desenvolvimento partilhado (os lucros e os prejuízos) e não simplesmente banca o "xerife" com os EUA e a ex-URSS fizeram ao longo da Guerra Fria (logicamente que tal analogia aqui feita só é válida se levar em conta o contexto histórico, que, hoje, em termos sistêmico, é deveras diferente)].


Podemos transformar nossa região em componente essencial do mundo multipolar que se anuncia, dando consistência cada vez maior ao Mercosul e à Unasul. Vamos contribuir para a estabilidade financeira internacional, com uma intervenção qualificada nos fóruns multilaterais [aqui, Dilma reforça um dos pilares da diplomacia do Governo Lula, que foi dar ênfase ao multaletarilismo e às chamadas relações Sul-Sul].


Nossa tradição de defesa da paz não nos permite qualquer indiferença frente à existência de enormes arsenais atômicos, à proliferação nuclear, ao terrorismo e ao crime organizado transnacional [talvez esta passagem tenha sido inserida aqui com os mesmos objetivos da "Carta ao Povo Brasileiro" (escrita, em 2002, pelo então Presidente-eleito Lula, para tranquilizar o mercado de que ele não iria nacionalizar o sistema finaceiro nem fazer outra ação imediata digna de um verdadeiro jacobino comunista), ou seja, tranquilizar a comunidade internacional de que não está preparando um complô com outros páises (notadamente o Irã e seu programa nuclear), mas deixando claro que (em passagem anterior) que fará os próprios julgamentos de valores, como vem sendo feitos pelo Ministério das Relações Exteriores].

Nossa ação política externa continuará propugnando pela reforma dos organismos de governança mundial, em especial as Nações Unidas e seu Conselho de Segurança [a busca da diplomacia por um assento permanente num órgão permanente e deliberativo mundial é antiga e remonta a precessora da ONU, a Liga das Nações. Mais detalhes, cf. ARRAES, Virgílio Caixeta. O Brasil e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas: dos anos 90 a 2002. Revista Brasileira de Política Internacional. 48(2): 152-168 [2005]].

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Disse, ao início deste discurso, que eu governarei para todos os brasileiros e brasileiras. E vou fazê-lo.

Mas é importante lembrar que o destino de um país não se resume à ação de seu governo. Ele é o resultado do trabalho e da ação transformadora de todos os brasileiros e brasileiras. O Brasil do futuro será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ele hoje. Do tamanho da participação de todos e de cada um:


dos movimentos sociais,
dos que labutam no campo,
dos profissionais liberais,
dos trabalhadores e dos pequenos empreendedores,
dos intelectuais,
dos servidores públicos,
dos empresários,
das mulheres,
dos negros, dos índios, dos jovens,
de todos aqueles que lutam para superar distintas formas de discriminação.


Quero estar ao lado dos que trabalham pelo bem do Brasil na solidão amazônica, no semiárido nordestino e em todos os seus rincões, na imensidão do cerrado, na vastidão dos pampas.

Quero estar ao lado dos que vivem nos aglomerados metropolitanos, na vastidão das florestas, no interior ou no litoral nas capitais e nas fronteiras do Brasil.

Quero convocar todos a participar do esforço de transformação do nosso país.
Respeitada a autonomia dos Poderes e o princípio federativo, quero contar com o Legislativo e o Judiciário, e com a parceria de governadores e prefeitos para continuarmos desenvolvendo nosso país, aperfeiçoando nossas instituições e fortalecendo nossa democracia.

Reafirmo meu compromisso inegociável com a garantia plena das liberdades individuais; da liberdade de culto e de religião; da liberdade de imprensa e de opinião [Constituição (1988), TÍTULO II "Dos Direitos e Garantias Fundamentais", CAPÍTULO I "DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS"].

Reafirmo o que disse ao longo da campanha, que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. Quem, como eu e tantos outros da minha geração lutamos contra o arbítrio, a censura e a ditadura, somos naturalmente amantes da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos, no nosso país e como bandeira sagrada de todos os povos.

O ser humano não é só realização prática, mas sonho; não é só cautela racional, mas coragem, invenção e ousadia. E esses são os elementos fundamentais para a afirmação coletiva da nossa nação.

Eu e meu vice-presidente, Michel Temer, fomos eleitos por uma ampla coligação partidária [coligação "Para o Brasil Seguir Mudando" (PT, PMDB, PDT, PSB, PR, PC do B, PRP, PTN, PSC e PTC)]. Estamos construindo com eles um governo onde capacidade profissional, liderança e a disposição de servir ao país serão os critérios fundamentais.
Mais uma vez estendo minha mão aos partidos de oposição e às parcelas da sociedade que não estiveram conosco na recente jornada eleitoral. Não haverá de minha parte e do meu governo discriminação, privilégios ou compadrio.
A partir deste momento sou a presidenta de todos os brasileiros, sob a égide dos valores republicanos.
Serei rígida na defesa do interesse público. Não haverá compromisso com o desvio e o malfeito. A corrupção será combatida permanentemente, e os órgãos de controle e investigação [como o Ministério Público e a Polícia Federal] terão todo o meu respaldo para atuarem com firmeza e autonomia.
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Chegamos ao final deste longo discurso. Queria dizer a vocês que eu dediquei toda a minha vida à causa do Brasil. Entreguei, como muitos aqui presentes, minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco não tenho ressentimento ou rancor [esta parte do discurso da Presidenta é reforçando que, mesmo tendo sido presa e torutrada, na ditadura militar, ela não se utilizará do cargo para possíveis retaliações, como gostariam muitos dos que defendem uma postura mais severa por parte do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) e indo de encontre à Lei da Anistia].

Muitos da minha geração, que tombaram pelo caminho, não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles esta conquista, e rendo-lhes minha homenagem.
Esta, às vezes, dura caminhada me fez valorizar e amar muito mais a vida e me deu sobretudo coragem para enfrentar desafios ainda maiores. Recorro mais uma vez ao poeta da minha terra:

“O correr da vida” – diz ele – “embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

É com essa coragem que vou governar o Brasil.
Mas mulher não é só coragem. É carinho também.
Carinho que dedico a minha filha e ao meu neto. Carinho com que abraço a minha mãe que me acompanha e me abençoa.
É com esse imenso carinho que quero cuidar do meu povo, e a ele dedicar os próximos anos da minha vida.

Que Deus abençoe o Brasil!
Que Deus abençoe a todos nós!
E que tenhamos paz no mundo!

Por fim, apesar de ser um Documento histórico, tal discurso é apenas uma "carta de intenções" do que se proporá fazer este Governo, uma vez que não há mais detalhes de como e quando tais promessas e intenções serão cumpridas (e a ocasião, de certa forma, não pedia tal monta). Todavia, há de se analisar determinadas passagens que fazem lembrar às primeiras diretrizes internacionalistas da política externa estadunidense e do caráter universal da Revolução Francesa (1789): as de levar ao resto do mundo o que - para o país - eram os verdadeiros valores de justiça e bem estar social e econômico. Todavia, esse caráter universalista, estampado no discurso, segue o mesmo do antigo Governo e tem tudo para continuar fortalecendo, ainda mais, a imagem brasileira nas relações interrnacionais..
E boa sorte à nova Presidenta.

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