Provocações - Receita pra Lavar Palavra Suja (Viviane Mosé)
doxa, sofhia e episteme...
Salve Blogosfera!
Salve Blogosfera!
Retomando depois de um longo e prolongado silêncio, postar não está peixe, muito embora se por um lado cuidando das feridas abertas, por outro feliz e grata da vida, asilada acadêmica na UNIPAC onde encontrei amparo, calor humano, ferramentas adequadas, colegas que formam um time, solidariedade, colaboração espontânea é prática constante, e principalmente Professores extraordinários.
Aliás, preciso fazer uma retratação, não sabia nada de Universidade Particular, achava fundamentada na opinião alheia que no ensino pago as coisas são facilitadas...Ledo engano.
De uma certa maneira sim, os Professores são realmente mais criteriosos e cobrados no desempenho positivo de seus alunos, mas no que tange ao rigor com que tratam o plano de ensino e as avaliações, que felicidade, agora posso ter a minhas em mãos, ler, reler, fazer, refazer, aprender com meus erros, coisa que me eram privadas até hoje querendo saber a razão...
Para dizer a verdade no duro da cebola por mais que ela doa, é como ir a um médico do SUS e outro pagando particular...É a mais pura verdade, sem tirar nem por! Sobram poucos e raros mestres não corporativistas e éticos.
Como nosso blog tem muitos acessos e o pessoal me pede para publicar nossos trabalhos acadêmicos, que já são mais de 100. Vamos selecionando publicando vez por outra quando der.
Nosso blog anda por si mesmo, com mais de 150 postagens, e quase 100 000 acessos pelo mundo inteiro.
Em pauta uma reflexão dos saberes doxa, sofhia e episteme.
Hora desta publico as estatísticas.
Meus sinceros agradecimentos.
Abraços!
Rafhael, Stanza della Segnatura-Iustitia
UFVJM
Tecnologia e Desenvolvimento
Prof. Dr Germano
Discente: Mariene Nunes de Campos
Questão proposta pelo Professor:
Os saberes em seus radicais Latino (sapere) e, Grego (doxa, sofhia e episteme) estão profundamente enraizados na língua portuguesa, em nosso afazeres diários.
No atual estágio de desenvolvimento científico-tecnológico, como conciliar estes saberes?
O propósito de se refletir a respeito dos
questionamentos acima: discernir dentro do campo dos saberes humanos a que se
conceitua cada um, distingui-los, identificá-los e por fim meditar a respeito.
Buscamos primeiramente na vasta bibliografia
do tema definições dos termos.
Em
grego temos três palavras referentes ao fenômeno do conhecimento: doxa,
sofhia e episteme.
Doxa
significa
opinião, isto é, o saber próprio do senso comum, o conhecimento espontâneo
ligado diretamente à experiência cotidiana, um claro escuro, misto de verdade e
de erro.
Sofia
é a
sabedoria fundada numa longa experiência da vida. É nesse sentido que se diz
que os velhos são sábios e que os jovens devem ouvir seus conselhos.
Episteme significa ciência, isto é, o conhecimento
metódico e sistematizado. Consequentemente, se do ponto de vista da sofia
um
velho é sempre mais sábio que um jovem, do ponto de vista da episteme
um jovem
pode ser mais sábio do que um velho (SAVIANI, 2005, p. 1415).
Considerando
o pensamento de Dermeval Saviani, o ensino nas instituições deve se ocupar dos conteúdos
científicos (episteme), ou
seja, do saber metódico, elaborado, sistematizado.
Assim,
o autor delimita muito claramente o papel e o sentido da existência de uma instituição
como a escola: ela existe para transmitir, não o senso comum ou opiniões, e sim,
o conhecimento científico.
Não
se trata, pois, de qualquer tipo de saber. Portanto “episteme” diz respeito ao
conhecimento elaborado e não ao conhecimento espontâneo; ao saber sistematizado
e não ao saber fragmentado; à cultura erudita e não à cultura popular.
Em
suma, “episteme” tem a ver com o problema da ciência. Com efeito, é exatamente
o saber metódico, sistematizado.
A esse respeito, é ilustrativo o modo como os
gregos consideravam a produção dos saberes.
Tal postura do referido
pesquisador provavelmente se deva e se justifique. Num mundo em que a
empregabilidade e sucesso profissional dependem cada vez mais do desempenho
técnico, do rigor intelectual da atualização e do conhecimento, a reflexão
dialética da questão proposta nos remete à reflexão de como reconciliar
saberes: Doxa, Sofhia e Episteme .
Levando a questão para o
campo da dialética, a fragmentação do
conhecimento, senso comum das coisas (Doxa), sabedoria da experiência (Sofia) e
o conhecimento sistematizado (Espetème) , prevalecendo como saber no mundo
acadêmico “Episteme” em detrimento aos
ramos da mesma árvore podadas Doxa e Sofia, diferentes entre si sim as três, mas as raízes estão na mesma força que move a
humanidade, ou seja o dedo polegar opositor do primeiro hominídeo a descer das
árvores, a força motriz que fez o homem das cavernas criar soluções para
resolver seus problemas até nos dias de hoje ao se criar a mais “hightec” das
tecnologias.
Epistème se distanciou e
muito de Doxia e Sofhia, que no nosso entedimento nunca se separaram, muito
embora epítseme beba na fonte do senso comum das coisas, como o cientista que
ao observar índios se medicarem e curarem-se de determinada moléstia, com uma
determinada planta, num momento Doxia (insigth) roubam alguns exemplares da tal
“erva milagrosa”, isolam seus princípios ativos, criam um pílula sintetizada
e vendem suas descobertas aos grandes
laboratórios, ignorando muito convenientemente, que Doxia e Sofihia foram a fonte que lhes proporcionou a “descoberta”
inovadora.
A NASA quando lançou a
sonda espacial voyage para pesquisar o planeta Marte, imprimiu na sua fuselagem
o nome de todos os grandes sábios da humanidade, desde Aristóteles até os dos
dias de hoje, que contribuíram na soma sistemática de saberes, geração após
geração que tornaram possível tal
façanha humana, explorar e conhecer “in locco”, ainda que virtualmente nosso
vizinho de sistema solar.
Apesar de não conhecermos
a USP, certa feita lemos que no gabinete do Reitor, se não nos falha a memória,
o Dr Zerbini, pioneiro em transplantes de coração no Brasil, mandou imprimir no
piso do Holl de seu gabinete em letras
garrafais: “ Aqui nenhuma forma de Conhecimento é desprezada”.
Muitas correntes do
pensamento científico tem proposto reconciliar os saberes, catando os caquinhos
do esquizoide espelho fragmentado quebrado pelo conhecimento aristotélico
sistemático, sua Majestade Episteme, como Capra, cientista renomado
alemão. No seu livro “O Tao da Física”,
Capra dialeticamente faz uma reflexão traçando analogias entre o I CHING, um
oráculo escrito há milênios e a física quântica.
No campo do inconsciente
humano, esta fragmentação de saberes trouxe danos a nossa integralidade,
concluímos evocando Karl Gustav Young:
“O homem moderno, não entende o quanto
seu racionalismo (que lhe destruiu o dom de reagir a idéias e símbolos
numinosos), o deixou a mercê do submundo psíquico. Libertou-se das superstições
( pensa tê-lo feito), mas neste processo perdeu seus valores espirituais em
escala positivamente alarmante. Suas tradições morais e espirituais
desintegraram-se, por isso paga agora um alto preço em termos de desorientação
e dissociação /universais".
Karl Gustav Jung
Referências
Bibliográficas:
SAVIANI,
Dermeval. Pedagogia históricocrítica:
primeiras
aproximações. 9 ed.,
Campinas,
Autores Associados, 2005.
O Tao da
Física: Fritjot Capra
I Ching na
interpretação de Jung(chute, esqueci o nome do livro...lido há uns 20 anos)
No mais
estimado professor um feliz Natal e Próspero ano novo!
Mergulhar a palavra suja em água sanitária.
depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia.
Algumas palavras quando alvejadas ao sol
adquirem consistência de certeza. Por exemplo, a palavra vida.
Existem outras, e a palavra amor é uma delas,
que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda esfregar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente.
São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas.
Dizem que limão e sal tira sujeira difícil, mas nada.
Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão.
Agora nunca vi palavra tão suja como perda.
Perda e morte na medida em que são alvejadas
soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de amargura,que é capaz de esvaziar o vigor da língua.
O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho
em um amaciante de boa qualidade. Agora, se o que você quer é somente aliviar as palavras do uso diário, pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar.
O perigo neste caso é misturar palavras que mancham
no contato umas com as outras.
Culpa, por exemplo, a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha.
Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da palavra amizade.
Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.
Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras
sob o risco de perderem o sentido.
A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva,
produz uma oleosidade que dá vigor aos sons.
Muito importante na arte de lavar palavras
é saber reconhecer uma palavra limpa.
Conviva com a palavra durante alguns dias.
Deixe que se misture em seus gestos, que passeie
pela expressão dos seus sentidos. À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo.
Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua carne,
prolifera em toda sua possibilidade.
Se puder suportar essa convivência até não mais
perceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa.
Uma palavra LIMPA é uma palavra possível."