sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Viver na certeza de ser um eterno Aprendiz (gonzaguinha)



Buenas blogsfera, eita que tempão!

A gente sai da universidade, mas a universidade não sai da gente...Sem se afobar vai-se levando adiante sonhos e projetos.

Um deles, vimos aqui neste nosso espaço disseminar, é tema de interesse coletivo, elaboramos o projeto para implatação do programa de assitência técnica para construção de moradias no Município de Porto Seguro, vigente no Brasil desde 2009.

Três décadas de muitas lutas para ser aprovado e sancionado pelo Presidente Lula. Desconhecido  pela população em geral. Nem no meio acadêmico ventilou-se esta possibilidade, a nós revelou-se de outra forma. 

Foi pauta de um seminário, por ocasião da Rio+20, em 2012  no Clube dos Engenheiros do Brasil, e desde então estava  em estado de dormência a semente lá a nós presenteada. Ora se desperta, lançada em solo fértil da Terra Mater do Brasil, Porto Seguro.

Veio num insigth de cruzamento de dados, em resposta ao questionamento de um cidadão presente na reunião participativa da revisão do PDPS, no começo deste mês de agosto. Sua indignada pergunta: O que podemos fazer no presente, para equacionar tantos problemas  vigentes em nosso bucólico mas caótico do ponto de vista urbanístico Arraial d'Ajuda, que não seja só blá-blá-blá???

Uma forma também de retornar a sociedade, o investimento feito em nossa pessoa num Instituto Federal de Ensino Superior bancado pelos impostos públicos.  

Um grande abraço saudoso a todos e todas,
Até breve!


                                      ENCAMINHAMENTO DE PROPOSTA
                                   AO PLANO DIRETOR DE PORTO SEGURO

Objetivando anexar ao PDPS, em fase de revisão,  proposta  a ser avaliada: aplicação do Artigo 6º  da Constituição Federal , que atribui como direito do cidadão a moradia e do Artigo 4º , inciso IV letra “r”, do  Estatuto das Cidades, que trata da inclusão da assistência técnica  na construção  de moradia, como DIREITO e da lei 11.888, em vigor desde 24 de junho de 2009, que garante o direito ao acesso da população carente de recursos  na construção de moradias, para tal  apresenta  subsídios para fundamentar e justificar a criação de um programa de assistência técnica HABITACIONAL MUNICICPAL, para o cidadão com renda de até 3 (três) salários mínimos. Incorporando ao Plano Diretor Participativo de Porto Seguro para implantação do serviço público, em caráter definitivo.

O Problema
1- As moradias reformadas nas comunidades apresentam baixos padrões de habitabilidade, as patologias construtivas causam riscos à saúde e à segurança das famílias. 2- A população beneficiada não tem acesso de fato (apesar da Lei Federal 11.888/2008, que garante a assistência técnica para o projeto e construção de moradias de famílias com renda até 3 salários mínimos) à Assistência Técnica de arquitetos e engenheiros, além da falta de recursos financeiros..
A Solução
- Acesso à Assistência Técnica de arquitetos, engenheiros e assistentes sociais para projeto e obra, nas moradias em comunidades de baixa renda. - Estratégias para gerar acesso aos recursos (técnicos, materiais, mão-de-obra) para as famílias que precisam reformar suas moradias. - Ampliação da visão de saúde, aliada a um ambiente saudável e seguro.
  
JUSTIFICAVA:

A informalidade, das pequenas obras de reforma, ampliações e mesmo construções, carrega um antigo  problema, a população constrói sem o auxílio técnico profissional, de Arquitetos e Engenheiros, ou  por desconhecer esta necessidade, ou por não ter condições financeiras para contratar um, o que  inibe o acesso da pessoa de menor renda. A saída então  é construir de qualquer forma .

Levantamentos feitos pelo sindicato de Arquitetos e Urbanistas de diversos estados brasileiros, demonstram  que estas casas construídas  informalmente, tem os mesmos vícios: são mais caras do que se tivessem sido construídas com a assistência de um profissional, há mais desperdícios e ainda mais, erguidas em áreas de risco geológico,  nulas de estudo de solo,  instalações como água, esgoto, drenagem de águas pluviais ignorados. Desprovidas de benfeitorias, como por exemplo, o conforto térmico, vital numa construção habitacional, não é tratado tecnicamente.  Soluções simples como janelas zenitais, podem proporcionar conforto térmico, não são levados em consideração.

Outra suposta razão para os construtores informais é fugir do controle urbano da Prefeitura, no entanto, na falta de um profissional Engenheiro ou Arquiteto para se responsabilizar pela obra, esta é considerada clandestina e ilegal, portanto passível de multa, embargo e até demolição, como determina o código de Obras das cidades brasileiras.

Na ilegalidade, a construção não pode ser registrada em cartório e mais, não pode ser financiada numa eventual venda, pois a falta do HABITE-SE , documento essencial  exigido nas transações  imobiliárias, ela simplesmente não pode existir.

Este cenário é recorrente no Município de Porto Seguro, mas pode ser solucionado, de forma institucionalizada, promovendo sob o dispositivo legal vigente que dispõe da criação de um serviço de assistência técnica para a habitação social público, ou seja um SUS para arquitetura social.

A prática de assistir tecnicamente a população com menor renda  é consagrada no Direito, com a defensoria pública; na assistência social, na saúde; na educação  na segurança pública e agora,  a moradia faz parte deste grupo.

Os projetos desenvolvidos sem a presença de um profissional tendem a utilizar materiais além do demandado, uma casa bem projetada faz diferença para o meio ambiente. Uma moradia com princípios sustentáveis é capaz de gerar ao município uma economia de 60% no volume de entulho, além de ajudar na preservação das áreas verdes da cidade, com a racionalização de até 80% do terreno construído.

Boa parte dos resíduos sólidos das construções, em geral telhas, metais, gesso, tijolos, madeira, areia, não tem destino certo, em geral são descartados em terrenos baldios, margens de rios e até mesmo na periferia. Dados de pesquisa dão conta de que para metro quadrado de material de construção, são gerados 150 kilos de entulho. 

O acúmulo resulta em danos ambientais, tais como degradação do solo, obstrução de valas causando enchentes e ainda como incubador, vetor de doenças, dentre elas a dengue.



QUESTIONAMENTOS:  

A seguir, como metodologia para esclarecimento do tema, algumas perguntas e respostas:

O que é um serviço público de assistência técnica?

São serviços gratuitos ou subsidiados de arquitetura, engenharia e urbanismo promovidos pelo poder público para apoiar a regularização, a construção ou reforma de moradias, além da qualificação e melhoria de imóveis existentes, bem como a implantação ou regularização de parcelamentos.
A importância desses serviços está ligada à necessidade de elaboração de projetos e de acompanhamentos de obras.  Os projetos evitam riscos e reduzem custos, além de facilitar a legalização da obra.
No caso de regularização fundiária, os agentes de assistência técnica, devem assessorar os moradores quanto à importância de ter a situação fundiária de seu lote legalizada perante o poder público, e colaborar nos trâmites dos processos.
Vale ressaltar que, além de garantir a qualidade da moradia, a assistência técnica é preventiva ao evitar ocupação em áreas de risco e de interesse ambiental e contribui para a cidade ser melhor ao propiciar e qualificar a ocupação do sítio urbano em consonância com a legislação urbanística e ambiental.

Quem paga o serviço público de assistência técnica?

O recurso vem do FUNDO NACIONAL DA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL e dos fundos municipais e estaduais de habitação.
A dotação orçamentária para destinação dos recursos, é definida para instituir o programa, estruturar e promover os serviços de assistência técnica.
Desde 2007 o Ministério das Cidades colabora com os Municípios na melhoria dos padrões das edificações produzidas, reformadas ou ampliadas.
As propostas de Assistência Técnica são selecionadas pelo Ministério das Cidades e os recursos são repassados através de contratos operacionalizados pela Caixa Econômica Federal. Recursos estes advindos do Orçamento Geral da União- OGU, da Unidade orçamentária do FNHIS  e da contrapartida dos proponentes e ou Agente executores e outras.

Sistema e Fundo nacional de habitação de Interesse Social, como funciona?

O Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, SNHIS, foi instituído para viabilizar o acesso a  terra urbanizada e à habitação digna e sustentáveis para famílias de baixa renda.

A mesma lei que criou o SNHIS criou também o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, para gerenciar os recursos orçamentários estruturados pelo programa. Onde fica assegurada a inclusão dos serviços de assistência técnica nos programas beneficiados pelo  FNHIS.

O que se espera com a assistência técnica pública gratuita?

Cidades com melhor qualidade de vida
Moradias com condições de iluminação, ventilação, acessibilidade, salubridade, conforto ambiental, segurança estrutural e durabilidade.
Lotes sem risco de inundação, enchente,  desabamento de encosta.
Lotes e edificações com situação regular, de acordo com leis urbanísticas
Respeito às formas de morar, costumes e tradições.
Uma bela imagem urbana

Quem são os beneficiários do serviço público de assistência técnica?

Os beneficiários diretos são as famílias com a renda mensal de até três salários mínimos, na cidade e no campo. Os órgãos que determinarão os beneficiários diretos, devem ser formados por representantes do governo e da sociedade civil.

Toda a sociedade se beneficia, pois os serviços profissionais  agregam qualidade, segurança e beleza a cidade, contribuindo para a eficácia das políticas públicas. A comunidade e vizinhança passam a contar com um bairro melhor para se viver, com moradias em harmonia  com o terreno, vizinhança  espaço público e meio ambiente.

Os gestores públicos, também são beneficiários com o trato preventivo em  em áreas de risco e de interesse ambiental, e a visibilidade de  ocupação do sítio urbano em consonância com a legislação urbanística e ambiental.

Os profissionais  da Arquitetura, do Urbanismo e da Engenharia poderão exercer seu papel social de modo competente e comprometido, atendendo à população e às prefeituras.

As entidades e instituições de ensino terão maiores possibilidade de integração com a população, cumprindo sua função de divulgar informação e capacitar os profissionais como estagiários acadêmicos em Engenharia Civil da UFBA, Campus Eunápolis.

A lei abre perspectiva para toda uma cadeia produtiva: Fornecimento de materiais, cimento, tijolo, areia, esquadrias, material elétrico e hidráulico, etc...

Uma nova postura profissional, função e responsabilidade social, uma vez que refletirão em melhorias das condições de vida da população na sempre reverenciada “JUSTIÇA SOCIAL”.

Atrelado ao projeto de reforma urbana está o desenvolvimento sustentável, a lei também visa a racionalização dos recursos como via de otimização, com menos impacto ambiental e mais moradias.


DAS RESPONSABILIDADES DE CADA UM:

Para garantia da assistência técnica cada agente tem uma ação fundamental de participação do processo pela moradia digna e segura!

ENQUANTO CIDADÃO: Conhecer e  reivindicar

Divulgar os programas de assistência técnica e sensibilizar parentes, amigos e vizinhos quanto à importância de se construir com responsabilidade e assistência técnica.
Cobrar qualidade nos projetos, nas obras e na urbanização.
Conhecer a lei e os programas de assistência técnica, cobrar dos governantes e participar na implantação do sistema.
Acompanhar o cumprimento dos Planos Municipais de habitação, que devem estar aprovados (obs: o prazo seria até 2009, Porto Seguro tem um?) para garantir o acesso aos recursos do FNHIS.
Cobrar a inclusão do programa no orçamento municipal.
Cobrar responsável técnico nos projetos e no acompanhamento de construção, ampliação, recuperação de áreas degradadas e de risco, no planejamento e na regularização fundiária.
Trabalhar com Arquitetos, Engenheiros e Urbanistas na gestão participativa dos projetos, e no acompanhamento das obras executadas.  

ENTIDADES DE CLASSE, CONSELHOS E SINDICATOS: representar e fiscalizar

Firmar parcerias com o poder público e as entidades da sociedade civil para aprimorar, ampliar os serviços de assistência técnica.
Participar, mediante convênio ou parceria, da seleção e contratação dos profissionais.
Oferecer, em conjunto com os órgãos públicos e Universidades formas de capacitação para assistência técnica. Que deverão incluir em seus currículos o tema da assistência técnica e da produção social de moradia.  
Colaborar para o aprimoramento dos trabalhos prestados à comunidade
Sistematizar e difundir propostas e soluções sustentáveis.

PROFISSIONAIS: saber e aplicar

Qualificar-se para trabalhar com programas de interesse Social, de regularização fundiária e de erradicação de assentamentos precários.
Incentivar a observância da lei e da regularização dos imóveis.
Conhecer e propor soluções respeitando o meio ambiente, a cultura e os modos de vida locais, eliminando riscos, racionalizando custos, proporcionando qualidade e segurança às moradias.

UNIÃO E ESTADO: garantir e implantar

Instituir programas e ações para estruturar e promover os serviços de assistência técnica e definir a destinação dos recursos.
Garantir recursos orçamentários para continuidade dos programas.
Estimular e capacitar o mercado imobiliário a atuar na provisão habitacional , dentro das diretrizes do “Estatuto das Cidades” .
Formular e aplicar políticas para garantir o acesso à assistência técnica, respeitando as realidades locais.

PREFEITURA :  implantar e fiscalizar

Elaborar seu plano Municipal de Habitação em consonância com o Plano Diretor e o Plano de Proteção Ambiental.
Implantar e executar serviços permanentes e gratuitos de assistência técnica nas áreas de arquitetura, engenharia e urbanismo em paridade com a sociedade civil.
Selecionar as famílias que terão direito ao serviço e garantir o atendimento direto, facilitando o diálogo direto por meio de sistemas integrados.
Contratar e qualificar Arquitetos e Engenheiros para trabalhar nos programas, buscando a parceria com entidades profissionais, através de convênio ou parceria na seleção e contratação da equipe.
Firmar convênios e parcerias para capacitação profissional nas áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia.
Garantir recurso anual no orçamento para os programas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: 

Esta proposta  aciona o “start” , o primeiro passo para implantação do programa municipal para assistência técnica na construção,  como um instrumento de luta pela melhoria da qualidade de vida e principalmente pela cidadania plena, uma conquista que deve ser festejada e sobretudo ser aplicada  em sua plenitude.

Um processo que envolve diversas entidades e pessoas compromissadas com o desejo de que todo cidadão de menor renda, possa ter moradia digna e segura.

Apostamos nossas fichas nesta teia de intenções, neste momento tecida, seja em breve uma realidade tangível.  Cabe a cada um fazer a sua parte no todo, e assim , na vanguarda da gestão municipal participativa fazer a Terra Mater  do Brasil, nossa Porto Seguro, um lugar onde a Justiça Social, o desenvolvimento sustentável  torna-se factíveis,  caminhando lado a lado com plena cidadania inclusiva.

Que possamos trabalhar como agentes multiplicadores destas novas posturas. Para isto várias cópias estão sendo impressas e entregues a diversos agentes envolvidos no processo de criação do programa. Além de publicada no meio digital, no:
Atenciosamente, ao inteiro dispor,
                                  

                                                          Mariene Nunes de Campos

Acadêmica, ex-discente do ICET-UFVJM , Instituto de Ciência, Engenharia e Tecnologia da Universidade Federal do Vales do Jequitinhonha e Mucuri.    


                                                    Reunião PDPS, em Arraial d'Ajuda

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